Funcionários da Catarina Labouré defendem vicentinas: “Lutaram muito por isso aqui”

Funcionários da Catarina Labouré defendem vicentinas: “Lutaram muito por isso aqui”

No último dia da creche Catarina Labouré, os agora ex-funcionários não estavam nada contentes com as críticas que as irmãs da Companhia das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, gestoras da instituição e proprietárias do imóvel, vêm recebendo de pais e vizinhos desde a divulgação do encerramento definitivo das atividades educativas e filantrópicas no local.

A notícia de fato assombra: é o fechamento da creche mais antiga do Ipiranga, fundada em 1970, um símbolo de caridade. Ali também já foi orfanato e centro de formação religiosa de freiras.

As religiosas vicentinas, também responsáveis pelo Instituto de Cegos Padre Chico, decidiram dar outro destino ao prédio e já teriam negociado sua locação a partir do começo do ano que vem.

A creche mantinha convênio com a Prefeitura SP e pediu o encerramento do acordo. A @subprefeituraipiranga informou que o remanejamento dos alunos (cerca de 250) “já está sendo encaminhado” e que não há o que fazer para reverter o caso. Trata-se de edifício privado, embora tombado pelo patrimônio histórico municipal.

“Elas [as irmãs] lutaram muito por isso aqui e agora não podem mais, as pessoas precisam também ver o lado delas. Fico muito triste com esses comentários maldosos a respeito delas”, defendeu uma das antigas professoras da Labouré. E quando essa professora ponderou o caso o fez com lágrimas nos olhos.

“Estamos todos muito tristes, mas criticar as irmãs não está certo. Gostamos muito delas e sou evangélica, isso não se faz”, endossou outra colega.

Na avaliação dessas profissionais, a fúria de muitos foi impulsionada pela divulgação de informações erradas, como a de que elas foram avisadas de última hora, pegas de surpresa com o fim das atividades.

“Isso não é verdade”, reclamou a professora. “As irmãs se reuniram com a gente em agosto e já nos informaram da decisão delas.”

No último dia, muito se via funcionário sobraçando objetos e sacolas para desocupar o edifício histórico.

Na recepção, pais e responsáveis, alguns com alunos no colo, vinham pegar a última cesta básica e profissional de empresa de mudança veio trazer um orçamento. Uma Kombi das vicentinas também circulou pelo pátio interno para fazer carreto.
É duro o desmonte de uma obra de caridade. Daí o silêncio sobre os detalhes da decisão e da negociação. É também preciso preservar ao máximo a imagem da instituição religiosa mantenedora, gestão de crise.

A gente apurou com gente próxima que as vicentinas ipiranguistas vinham recebendo recursos cada vez mais escassos da sede central. Não se sabe se de forma intencional, por mudança de prioridade, ou por crise financeira dos patrocinadores. O motivo alegado para o encerramento da creche, de idade avançada das freiras, sem renovação dos quadros, não procederia.
Pesou também o custo elevado mensal de manutenção da construção antiga (e de grande porte), na casa das dezenas de milhares de reais.

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