Clarice na calçada

Clarice na calçada

Ela estava tão bonita na calçada, diante de sua casa, sob a clara luz da manhã, que não pude resistir. Clarice, o nome dela.

Há setenta e sete anos vivendo nessa casa, desde o dia em que clareou nesse mundo, filha de imigrante espanhol.

A casa da Clarice é tão charmosa, que por ela e pela Clarice tenho amor.

De manhã, no jardim de inverno da entrada, atrás da janela de vidro, sempre havia um homem sentado lendo um jornalão daqueles em papel tamanho standard.

Era um dos quatro filhos da Clarice que lia. E lia jornal impresso do bairro, mas jornal impresso rareou no mundo e também no bairro.

Novamente reunida naquela casa, depois de idas e vindas da vida, perdas e ganhos, a sua prole inteira.

Mas ali cabe todo mundo, como no ninho sempre largo e quente da mamãe galinha. Na parte lateral da casa, por onde se entra pela Conde Azevedo, há um amplo anexo de construções e ainda mais ali um telhado.

Nesse muro, em dezembro, depois da aprovação da matriarca humilde, um grafite com o tema da mulher indígena coloriu e acalmou o coração da gente. Um belo encontro do antigo com o moderno, amor à primeira vista da Andressa Maia @florestart_ pela Clarice. E vice-versa.

A gente ainda vai voltar para conversar direitinho com a Clarice, mas uma foto bonita dela a gente já fez. Não precisa ruborizar, Clarice, olha o pas-sa-ri-nho!

 

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