Área nova abre ao público com banheiros acessíveis, pista de skate e outras atrações

Área nova abre ao público com banheiros acessíveis, pista de skate e outras atrações

Abriu ao público neste sábado (15) a área ampliada do Parque da Independência. Com isso, o visitante ganha mais 26 mil m2 de lazer.

Destaques da ampliação são agora a oferta de banheiros regulares e acessíveis (não havia nenhum na parte inferior do Independência), pista de skate, parquinho infantil e prédio da administração.

O investimento total foi de R$ 6,6 milhões.

Houve cerimônia oficial de inauguração com a presença do prefeito Ricardo Nunes (MDB), de secretários e de vereadores.

Muitos com claques próprias.

Reforço na segurança e na limpeza

Com a ampliação, mais oito seguranças foram contratados, seis diurnos e dois noturnos. O setor de conservação e limpeza também ganhou reforços, com a chegada de mais oito profissionais (cinco para manejo arbóreo e três para a limpeza dos banheiros).

Um aditamento com a empresa contratada para a zeladoria deverá aumentar ainda o efetivo da equipe de segurança e de conservação, segundo Wagner Spolon, o diretor do Independência.

“Foi uma luta muito grande e longa para chegarmos até aqui”, frisou o secretário municipal do Verde e do Meio Ambiente, Rodrigo Ravena. “Contamos com o apoio do prefeito, de vereadores e da comunidade do Ipiranga e agora estamos entregando um parque pronto, 100% acessível.”

Na projeção do secretário, o Independência, agora com área ampliada, deverá se tornar o segundo parque mais visitado da capital paulista, atrás apenas do Parque Ibirapuera. Hoje o parque ipiranguista está na terceira posição da preferência do público entre os 111 parques paulistanos.

Cerimônia reuniu o prefeito Nunes, vereadores e secretários.

Em seu discurso, o prefeito Ricardo Nunes comemorou a entrega de um “novo parque” e disse que sua gestão está comprometida inclusive financeiramente com o meio ambiente. Citou o tamanho do custo da manutenção do Independência: cerca de R$ 500 mil mensais.

Também aproveitou para criticar o PSOL e seus vereadores, dizendo que eles não fazem oposição a ele ao votarem contra os projetos da atual gestão, mas à própria cidade.

PSOL, do deputado federal Guilherme Boulos, e o MDB de Nunes vão se opor na disputa eleitoral pela prefeitura paulistana no ano que vem.

Indiferentes por ora a disputas paroquiais, pais e filhos, grupos de amigos e skatistas queriam mesmo é aproveitar seu novo espaço de lazer.

Sim, o Independência ampliado, há mais de 20 anos esperado e prometido, é nosso. Finalmente.

Memória

Hoje um senhor octogenário, o advogado ipiranguista Waldir Abdallah também esteve presente à inauguração e discursou brevemente sob aplausos. Ele teve papel decisivo na hoje realizada ampliação do Parque da Independência.

Foi um dos líderes do movimento de moradores do Ipiranga que reagiu contra o projeto de verticalização e construção de torres de apartamentos no local em questão, conforme empreendimento anunciado pela incorporadora e construtora Gafisa, que adquirira a área em 1995.

Os moradores pediram então à administração municipal que o terreno, situado na esquina da rua dos Sorocabanos com a rua Bom Pastor, fizesse parte do conjunto do Parque da Independência, do qual se separava por apenas um muro ou arame farpado.

A discussão sobre o destino final da área contígua ao parque se iniciou já em 1995, logo após a aquisição do terreno pela Gafisa. Na Câmara Municipal de São Paulo, os vereadores Alberto Hiar e Ana Maria Quadros defendiam, naquele ano, a proibição da verticalização local, a incorporação ao parque e a entrega de outra área para a empresa construir.

Em 2005, decreto retirou terreno das mãos da Gafisa

Mas uma solução jurídica veio só dez anos depois, quando o prefeito da época, José Serra (PSDB), declarou, em 20 de outubro de 2005, por meio do decreto 46.530, a área de “utilidade pública”.

“Ficam declarados de utilidade pública, para serem desapropriados judicialmente ou adquiridos mediante acordo, os imóveis particulares situados no Distrito do Ipiranga, necessários à ampliação do Parque da Independência”, texto do decreto 46.530/2005

A prefeitura paulistana até chegou a contratar obras e iniciar a ampliação do parque, mas precisou interrompê-la por determinação do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). A questão que emergiu foi a existência de muro remanescente do antigo Asilo do Bom Pastor, mantido por uma congregação de freiras de cujas mãos a Gafisa arremataria a área.

Um asilo para meninas pobres, órfãs e “desviadas”

O Asilo do Bom Pastor, instituição religiosa e de caridade inicialmente gerida pelo padre português José Antonio de Almeida e Silva, funcionou ali e abrigou, a partir de sua construção, em 1893, centenas de crianças e jovens mulheres órfãs, pobres e o que chamavam de “arrependidas”, “desviadas” ou “penitentes”, entre elas, profissionais do sexo. Também foram encontrados, durante as obras e escavações para incorporar o terreno ao parque, fragmentos materiais de valor histórico.

O “novo parque” conta agora também com sítio arqueológico protegido

Novo sítio arqueológico

O muro, de tijolos, segue parcialmente de pé no terreno, que foi convertido hoje no Sítio Arqueológico Instituto Bom Pastor, com um aviso ao visitante: “Aténção: a destruição ou retirada de qualquer material ou remoção de terra deste local constitui crime sujeito à pena de multa e detenção”.