Gevê, o veloz jabuti

Gevê, o veloz jabuti

Quem poderá dizer que o Ipiranga não é uma terra mágica?! Veja o caso do jabuti Gevê. Ele mal pode perceber a gente passando pela rua, diante do seu portão, para acelerar o passo em nossa direção com velocidade impressionante.

São 5 metros percorridos em cerca de 30 segundos, um assombro. Recorde mundial, “Livro dos Recordes” dos jabutis!

Gevê vem ver a gente sempre que a gente por ali passa. São mais ou menos cinco casas acima da nossa. Inclina-se ao portão, estica o pescoço comprido, estira as patinhas sobre as grandes, quer trocar um bom dedo de prosa, tenho a certeza.

Gevê tem o comportamento de um cão, ao portão. E de fato ele vive com um, o Romeu, um cocker spaniel preto e branco que gosta de latir muito, em oposição ao Gevê, que não emite nem um ruído sequer, sempre em silêncio.

A gente está estabelecendo uma amizade. Gevê e os cães que me acompanham, Helena e Pepe. Eles estranham o Gevê um bom bocado, afinal, não tinham visto um jabuti até então.

De verdade é uma atração, já fazia tempo que não via um. E o Gevê, por seu comportamento tão interativo e amistoso, é um deslumbramento, cativante.

Os jabutis e as tartaruguinhas percorrem minha vida desde a infância, e um jabuti chegou mesmo a fugir de casa misteriosamente. As tartaruguinhas eram emoção no aquário de casa, nadando fagueiramente. Mas uma não escapou da minha crueldade de cientista mirim e morreu por minhas mãos. Tenho um remorso terrível desde esse dia. Pobrezinha.

Mas o Gevê acho que não precisa me temer. Já acariciei suas patinhas de couro grosso escamado, fiz uma cócega no nariz alaranjado dele e um dia ainda levo uma verdurinha fresca para alimentá-lo.

E se essa história fosse uma fábula daquelas do tipo “A tartaruga e a lebre”, que moral teria?

A moral da história seria talvez que a vida, o nosso dia a dia, contém acontecimentos extraordinários disfarçados de acontecimentos comuns. Afinal, alguém aqui já viu um jabuti, capaz de acelerar no piso de cerâmica, e vir saudar a gente no portão, feliz de nos ver?

A vida no Ipiranga é mesmo uma eterna grata surpresa.