O Conde é o cara

O Conde é o cara

Taí: se tivesse de escolher a pessoa que mais contribuiu para o desenvolvimento do Ipiranga na história, “meu tipo inesquecível” ipiranguista, certamente ela seria o conde José Vicente de Azevedo.

Embora não seja natural do Ipiranga (ele nasceu em Lorena, no interior paulista, a 7 de julho de 1859), foi no Ipiranga que ergueu sua obra generosa.

Tudo começou com o lançamento de uma instituição para acolher e educar meninas órfãs, na última década do século 19. Chamava-se Asilo das Meninas Órfãs Desamparadas Nossa Senhora Auxiliadora do Ipiranga, fundado em 1896 e localizado na rua Luís Lasanha.

É essa instituição que marcará também o surgimento da Fundação Nossa Senhora Auxiliadora do Ipiranga, a Funsai, obra assistencial do conde que chegou até os dias de hoje, com grandes projetos no Ipiranga.

O orfanato privado para meninas foi apenas a primeira obra de Vicente de Azevedo. Veio também dele a iniciativa de construir uma escola privada e gratuita, o Grupo Escolar São José, em 1924, para a educação de meninas e meninos numa época em que faltava vaga em escola pública.

O edifício da escola, na avenida Nazaré, foi recém-restaurado e é ocupado pelo grupo Escola Mais.

A oportunidade de fazer ainda mais pelo próximo foi propiciada pela aquisição de terras na Colina do Ipiranga em 1889 e 1890, totalizando 46 hectares de área. Então o conde empreendeu um trabalho de doação de terras para instituições religiosas e de caridade sem precedentes.

Foram doados terrenos para obras no Ipiranga, como a Sagrada Família, o Colégio São Francisco Xavier, o Seminário Central do Ipiranga, o Instituto de Cegos Padre Chico, o Instituto Cristóvão Colombo e a Clínica Infantil do Ipiranga (hoje Hospital Dom Alvarenga).

Aquele ermo subúrbio que era o Ipiranga ia ganhando vida, fixando gente, muito por influência do conde Azevedo.

Uma inteligência marcou o processo: os contratos de doação previam a retomada das terras em caso de desvio de finalidade dos beneficiados. Quer dizer, se decidissem mudar o rumo da obra social agraciada, interrompendo-a, por exemplo, as terras seriam retomadas pela fundação do conde. Por isso também essas instituições são hoje centenárias.

Outro cuidado visionário do conde foi na forma de conduzir a Funsai para além dele mesmo, para depois de sua morte. Ele estabeleceu que seria gerida de forma coletiva, via conselho curador, de forma voluntária, sem pagamento. Isso garantiu sua longevidade, uma vez que a protegeu de carreirismos e de mandos e desmandos solitários.

A propósito, o título de conde romano (não transferível a descendentes) lhe foi conferido pelo papa Pio 11 em 1º de julho de 1935. Foi o reconhecimento pela contribuição com obras religiosas cristãs.

José Vicente de Azevedo morreu em 3 de março de 1944, mas está vivinho aí, nas obras que incentivou e deixou.

 

Fonte: Livro “Conde José Vicente de Azevedo: sua vida e sua obra”, de Maria Angelina V. de A. Franceschini e outros

O Museu Vicente de Azevedo, na rua Dom Luís Lasanha, 300, também retrata a vida e a obra do conde. Visite

Foto do conde: Funsai