Profeta Miguel: em busca de abrigo e compreensão na cidade grande

Profeta Miguel: em busca de abrigo e compreensão na cidade grande

Miguel Santos da Luz, de 39 anos, é o Profeta Miguel.

“Já tenho esse dom da profecia desde os meus dez anos de idade. Consigo adivinhar quando vai chover, perceber se vai esfriar ou esquentar. E também quando uma pessoa vai se machucar. Consigo prever antes do acontecimento e avisar a pessoa”, descreve a dádiva que ganhou de Deus, o comandante.

Neste dia de março, sentado na soleira de uma loja da rua Greenfeld, a previsão mesmo é de fome. Miguel não tem dinheiro suficiente para pagar um prato de comida e não come carne. Mal conhece São Paulo e o Ipiranga.

“Estou perdido aqui e espero um dia poder voltar.”

Profeta Miguel diz ter vindo parar na capital paulista por convite de um religioso paulistano que conheceu em Belo Horizonte, sua cidade natal.

Conta ter perdido os documentos pessoais logo no dia da chegada e daí o Destino não mais lhe sorriu, de rua em rua vagando sozinho, parando onde se sentia bem, partindo de onde se sentia mal.

Mas o homem de olhos tristes também tem outra fome nesta manhã: de acolhimento. “Só quero ser compreendido, ter amigos, um lugar para me esconder do frio.”

Ele manifesta seu desejo singelo num tom de voz subitamente mais doce. Mesmo com fome, Profeta Miguel é capaz de alimentar a gente com a sua ternura. Isso é para os santos.

 

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