Gente, a notícia é boa: começou a pintura daquele que será um dos maiores murais de graffiti da região do Ipiranga, num endereço de cartão-postal.
Com 200 m de extensão e aproximadamente 350 m2 de área, o mural começa na parede junto de uma das entradas do Museu do Ipiranga, na esquina da avenida Nazaré com a rua Conde Vicente de Azevedo, e se estende até o limite com o Museu de Zoologia.
Situa-se ao longo de uma das calçadas mais movimentadas (e charmosas) do Ipiranga.
A grande “tela” é o muro que delimita o Parque da Independência, que abriga o @museudoipiranga, sobretudo em sua porção bosque, área com vegetação nativa da Mata Atlântica. Hoje esse muro apresenta sinais de degradação, está descascado, esboroado e sem vida.
A iniciativa é de autoria do artista ipiranguista Gustavo Cortelazzi, o Verde @verde_art
Graffiti de Verde: a natureza em destaque
Graffiti de Verde: a força e a beleza da mulher negra
Povos, fauna e flora originários
Conforme a concepção de Cortelazzi, o longo mural vai ser animado com figuras de povos indígenas originários e elementos da Mata Atlântica, como um prolongamento natural da área verde atrás. Ele empreendeu pesquisa histórica de imagem sobre os indígenas, tendo em vista a ocupação original da região do Ipiranga pelo povo Guaianás.
A ideia é reunir também artisticamente animais que habitaram a região, como a onça-pintada e o tamanduá, com o toque pessoal que caracteriza o traço de Verde: figuras realistas e ao mesmo tempo oníricas, a que se acrescentam poeticamente elementos “estranhos”, como paisagens e olhos.
Um elemento projetado como destaque na obra estará no ponto em que o muro cresce para 6 m de altura, numa elevação pontual. Nesse local, próximo à entrada do Museu do Ipiranga, uma grande mulher indígena nos olhará bem nos olhos. Decifra-me ou…
Uma ideia antiga
A vontade de Cortelazzi ocupar aquela porção do terreno vem de longe: cerca de seis anos atrás. Nasceu de uma inquietação dele, a partir da observação da janela do seu estúdio elevado, que dá de frente para o muro.
Trabalhando, ficava olhando aquele longo muro já sem vida, meio que abandonado, e, se ocupado por graffitis aqui e ali, com desenhos já esmaecidos.
A ideia foi amadurecendo feito fruto. Primeiro veio o projeto Tapume!, organizado por Verde durante as obras do Museu do Ipiranga, reunindo dezenas de outros artistas do graffiti. Objetivo: recobrir os tapumes que isolavam o museu em reforma com muita arte, na avenida Nazaré.
Foram dois anos consecutivos de graffitis nos tapumes do museu e muita reflexão e arte para os passantes. Virou uma atração do Ipiranga, mesmo que temporária.
O fim do projeto tornou ainda mais forte em Verde a vontade de dar sequência ao graffiti nos muros locais. Daí foi uma peregrinação em busca das autorizações formais para o projeto, obtidas no ano passado com a direção do @museudoipiranga, o conselho gestor do Parque da Independência e secretarias da prefeitura paulistana.
Com a liberação formal e uma quantidade de tintas suficiente para o começo da obra em mãos, a hora chegou. Uma lavagem de toda a extensão do muro foi providenciada, assim como uma primeira camada verde de látex, para o tratamento da superfície, então caiada. Isso, com o apoio da equipe de manutenção e conservação do Independência.
“Quero que o mural seja uma coisa amigável para todo mundo. Que as pessoas se vejam nele, que reflitam”, projeta Verde.
“Quero fazer sem pressa, muito bem pensado e cuidado. Por isso, vou fazer o trabalho dividido em blocos.”
Quer apoiar? Fale com o Verde
Como sozinho ninguém anda nem dispõe dos recursos todos, Verde está pedindo o apoio financeiro de quem acredita no projeto e também a doação de materiais, como tintas, látex, spray etc.
É entrar em contato pelo Instagram dele @verde_art e combinar as coisas. É um orgulho poder participar de um projeto com tal dimensão e importância para o bairro.
Se tudo correr como o esperado, em outubro, no máximo, o mural artístico junto dos museus e do bosque estará prontinho para a gente admirar.
