Quando o Ipiranga antigo e o Ipiranga contemporâneo se abraçam

Quando o Ipiranga antigo e o Ipiranga contemporâneo se abraçam

É uma alegria funda quando o Ipiranga antigo e o Ipiranga contemporâneo se abraçam. Ganham os dois, um complementa o outro, a magia acontece.

Prova disso é aquela casa antiga, com varanda, jardim de inverno e uma gente com raízes pra lá de profundas. São descendentes do patriarca José Torres, descendente de espanhóis, que ali formou família e ela ali ainda vive, os netos hoje idosos.

Andressa Maia, vinte e poucosanos, se apaixonou um tempo atrás pelo muro lateral dessa casa, na Conde Vicente de Azevedo com Gomes Nogueira, sobre o qual se eleva o telhado de telhas vermelhas de barro, com alguma lembrança oriental, meio pássaro.

Então procurou seus moradores, explicou, explicou, explicou, mostrou seu projeto e os irmãos finalmente concordaram.

Andressa Maia, que assina sua arte como @florestart_ ,foi colocando no muro, nos elementos da estrutura, a forma do seu sentimento, dia após dia, até que se deu por satisfeita ou quase no último domingo (18).

O resultado do que move o coração dessa artista ipiranguista é o que a gente vê.

“Meu trabalho é relacionado à natureza, mas tento sempre colocar nele uma figura feminina”,

diz, olhos negros vivos, cabelo negro raspado do lado.

No centro do quadro, com dedos das mãos entrelaçados na frente do peito, como oração, uma indígena medita, de olhos fechados. Araras, colibris, tucanos a acompanham, dos dois lados. As cores vivas, vibrantes, encantam. O conjunto nos pede um respiro fundo, chamado à calma.

E aquela casa bonita, testemunha do tempo, ficou ainda mais bonita. Enquanto Andressa trabalha, um dos irmãos sempre aparece para dar uma espiada da porta. Andressa é gentil, acho que gostaram dela.

Do outro lado da rua, às vezes também se demora o companheiro da Andressa, que foi quem a incentivou no ofício. “Eu ficava olhando ele trabalhar e fui me inspirando.” Faz um ano e meio que Andressa começou a grafitar.

O companheiro já é veterano dos muros ipiranguistas, o @gatunoart e suas figuras majoritariamente felinas.

Taí, gente: a junção do antigo com o moderno, como parceiros, é um caminho sublime para o nosso bairro. Permanência, convivência, diálogo, mútuo respeito.

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