É de cortar o coração: cinco casas gêmeas de beleza única, com histórias remontando aos anos 50, estão vindo abaixo nos últimos dias como ordem de demolição, na rua Cisplatina.
A da extremidade esquerda, de quem as observa de frente, tem seu muro colado com a @bibliotecarobertosantos
Vai tomar um destino ainda incerto, o terreno de 625 m2 que restará após a remoção dos escombros.
São sobrados que chamam a atenção e encantam quem passa, com portas de entrada que nos recebem direto da calçada e sacadas com pilares vazados no andar de cima, pintadas de branco.
Cada uma dessas casas possui 5 m de frente com 25 m de fundo. Algumas têm lavabo no térreo, outras, banheiro, só no andar de cima. Embaixo, um dormitório à esquerda, corredor, cozinha de botar toda a família, quintal bom de bater uma bola. No andar de cima, a que se chega por meio de uma escada em curva, três dormitórios, o banheiro grande. Uma enormidade, para os olhos acostumados a divisar o apê pequeno.
A gente quase foi montar um negócio-moradia numa delas, anos atrás, mas o proprietário, sujeito difícil, recusou.
O vizinho do lado direito, com parede colada na última gêmea, lamenta o que vê. Acha criminosa uma demolição de casas tão antigas e bonitas assim. Ele recorda a sucessão de más reformas a que o conjunto de casas foi submetido ao longo das décadas e o descompromisso de alguns inquilinos com a manutenção. Essas casas experientes já sofreramum bocado, descobre-se.
“A prefeitura libera [a demolição], e o terreno é privado, o dono faz o que quer. Mas isso aqui merecia ser tombado. É uma pena.”
Agora, já foram subtraídas dessas casas suas esquadrias (portas e janelas) e todo o seu piso (cerâmica e madeira). Uma cena de uma guerra urbana que mata espaços e memórias e um jeito de viver.
O que ali virá? Maisum arranha-céu? A gente ainda não descobriu, mas é importante que você saiba o que está acontecendo ali. Essas casas são um atrativo dos mais belos da região da Silva Bueno, a caminho do Baixo. Quem frequenta a Roberto Santos decerto já se enamorou delas.
É triste, muito triste ver o que tem valor, inclusive afetivo, de repente desaparecer e assim uma parte da gente.