Pessoal, a gente foi conhecer as instalações do que está sendo chamado pela prefeitura paulistana, com certa pompa, de “primeiro parque lúdico voltado para a primeira infância” de São Paulo. Fica aqui na nossa região, na praça São Sebastião, colado na avenida Tancredo Neves, perto das comunidades da Vila Brasilina e do Boqueirão.
O investimento na reforma geral da praça e na instalação do parque lúdico é de R$ 2,5 milhões, segundo a prefeitura. O projeto foi desenvolvido pela secretaria municipal das Subprefeituras e levou cinco meses para ser concluído.
Foi inaugurado em meados de junho e tem atraído famílias da região. É parcialmente cercado com estrutura de madeira colorida, dispõe de pista ajustada para patins, bicicletas e skates, tem escalada mirim, piso emborrachado (que amortece impacto e permite andar descalço).
No conjunto construído, em área aberta, há balanços e escorregadores, além de espaço cercado para cães.
Nesta quarta-feira (28), mães (principalmente) e pais e avós acompanhavam as brincadeiras de seus pequenos já em ritmo de férias. A gente conversou com alguns desses mães e pais e estavam contentes com a transformação do local.
Antes, era o medo
Na memória de todos, a degradação que fazia parte do dia a dia da praça São Sebastião. Passavam todos com medo pelo local, evitavam sua proximidade em certas situações. Até então não havia nenhum brinquedo para crianças, mas apenas equipamentos, muitos já depredados, para adultos.
A vinda do parque lúdico é por isso uma alegria geral. Agora, há onde levarem os filhos, sobretudo os menores, até 6 anos, o foco do parque.
“Aqui ficava gente usando droga e assaltando. A gente passava aqui correndo, com muito medo”, lembra o pedreiro Isaías, que trouxe os netos Kennedy e Kathleen para curtir o dia ali, na saída da escola.
Demanda por melhorias
Mas esses responsáveis continuam preocupados com a segurança do local e dizem faltar policiamento mais constante. Pedem presença permanente, até com a formação de uma base policial fixa. É a opinião de muitos, manifestada pela Rita, que estava com seu filho Rafael.
A já avó Viviane também elogiou o novo endereço de lazer, ela veio ao parque com a filha, Brenda, a nora, Bruna, e a neta, Luísa. Mas já elaborou uma pequena lista de melhorias para o poder público: 1) instalação de um bebedouro (não há onde beber água nem se refrescar na praça); 2) colocação de um banheiro químico (não há banheiro hoje); e 3) instalação de cerca na parte aberta do parque (porque ela vê perigo para as crianças assim, haja vista a vizinhança com a Tancredo Neves, por onde circulam muitos autos em velocidade).
Doguinhos felizes
O espaço para cães nesta quarta (28) era muito bem aproveitado pelos shih-tzus Magnólia e Frederico, do tutor Breno, estudante da Fatec Ipiranga. “A praça era boa já para nós, jovens, a gente andava de bicicleta, mas agora ficou melhor, principalmente para as crianças”, observa.
Laura, 5, sabe do que mais gostou: “De brincar em todos os brinquedos, legal!”. E o irmão Rafael, 7, aprovou por isso: “Posso jogar meu bumerangue, ficou maravilhoso!”. O pai, Fabrício, pondera com o filho: “Mas precisa tomar cuidado porque a praça hoje está cheia”.
É só uma praça, mas como faz diferença numa comunidade onde há poucos espaços de lazer. Uma inquietação já se manifesta entre os frequentadores: é preciso agora conservar. O balanço adaptado para cadeirantes já desapareceu, contudo.
Se não houver cuidado e policiamento, é possível que tudo se perca rapidamente e a praça volte ao seu passado temerário. Por isso, o poder público (e também a comunidade) precisam vigiar o seu bem e dele se apropriar, de verdade, porque ele é seu, ele é do seu e do meu filho. A gente merecia isso e muito mais.
