Frutos do Conde: A história de um asilo para meninas órfãs e outros bens

Frutos do Conde: A história de um asilo para meninas órfãs e outros bens

Quantas meninas ocuparam essa cama comprida de madeira clara, de número 95? Que sonhos dormiram, e acordaram pela manhã? Como se chamavam? Seriam mais caladas e tímidas, ou mais espevitadas e expansivas? Mais amorosas? Mais sérias?

Essa cama é testemunha viva de uma história comovente. Assim como o armário de madeira escura à esquerda de quem dorme, e o uniforme branco e vermelho pendurado dentro, pronto para a vida.

Estamos no dormitório das meninas, e as camas vão se multiplicando por fantasia, 1, 2, 3, 4, 5… 96, 97, 98… e o largo salão vai se povoando outra vez.

Ouça as interjeições e risadas (Pssssss!), os silêncios, que murmuram pelas frestas do tempo.

Veja o crucifixo, novamente fixo à parede do fundo, entre essas mesmas duas janelas, repartindo o recinto em dois.

Sonolentas, as meninas vão se pondo de pé va-ga-ro-sa-mente. É a primeira hora da manhã e o dia será cheio: aulas científicas, aulas de catecismo, de bons costumes, de coser. Realizarão tarefas domésticas, como lavar (e passar com ferro de brasa) as próprias roupas e louças, o preparo da sua comida. Que aptas a sobreviverem dominando as artes que se esperam da mulher da época, quando daqui partirem.

À noite voltarão aos leitos, e a Vida dentro delas vai cuidar de crescê-las.

Abraçasse uma a uma como filhas, são filhas, e desejasse a elas um futuro bom, muita paciência para essa vida, com muita ternura, seria contente.

Sim, é só uma viagem minha no tempo, e cada um constrói a sua quando visita o acervo do Museu Vicente de Azevedo @museuvazevedo, na rua Dom Luís Lasanha, 300, que reconta a trajetória solidária, as ações sociais da família Azevedo no Ipiranga, em especial a do seu patriarca, o Conde José Vicente de Azevedo (1859-1944).

Emocionante conhecer a história do pioneiro Asilo de Meninas Órfãs Desamparadas Nossa Senhora Auxiliadora do Ipiranga, iniciada em 26 de outubro de 1896, quando é fundado, nesse mesmo local onde hoje se visita o museu.

Conforme registros oficiais, 2.500 meninas pobres e órfãs viveram aqui, ao longo das décadas.

 

ACOMPANHE O IPIRANGA22 NO INSTAGRAM:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *