Um casarão encantado

Um casarão encantado

Este casarão da rua Bom Pastor, quando ela está chegando à rua Tabor, do lado esquerdo de quem desce, é um encanto. Tem alguma coisa de fantástico nele. Talvez os detalhes quase dourados das esquadrias, o verde-claro das paredes rimando com o azul-escuro das venezianas reforcem a sua magia.

O seu silêncio, a sua suspensão das gentes, como se ali não houvesse ninguém a lhe pedir guarida, ou os mistérios das casas que pedem excursões de coração palpitante.

Quem nela morou, o que dela já se fez?, a gente vizinha não sabe responder. É do tempo do Dom Pedro, brinca um morador. É uma casa hoje que serve de pensão para uma gente pobre. E nada mais se diz, exceto ser tombada, proibido de com ela se bulir.

Quem anda com as retinas brilhantes de nostalgia saberá lhe dar valor. Saberá fazer-lhe muitas perguntas, compartilhar muitas reflexões, como cúmplices antigos, ou almas recém-reconhecidas no mundo.

Sim, o tempo passa e a gente passa com ele. A sua deselegância discreta para mim é um charme. Como se no defeito a gente finalmente encontrasse a perfeição, a perfeição possível, que tem sempre algo de falho e por isso ainda mais lindo.

Palacetezinho querido, sobradão amado, a sua deselegância sutil te faz ainda mais belo. O tempo passa e você com ele. Resista e viva!